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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

E você, estudante da saúde?


Por Alexandre Zambelli (estudante de Medicina Veterinária da UFMG) e Ellen Rodrigues (estudante de Terapia Ocupacional), membros da chapa 6   

"Saúde não se vende, Louco não se prende, quem está doente é o Sistema Social"
(música de carnavais antimanicomiais)
         
Dê uma volta pela cidade e responda à questão: como anda a saúde em nosso país? Será que anda boa mesmo? Ou será que o que de ruim nela são as filas e mais filas que tanto vemos nos noticiários Globais? É fato, o sistema de saúde brasileiro encontra-se fragilizado, com sérias limitações e inúmeros problemas. Sofre diversos ataques de quem defende um modelo privatista que dá garantia de atendimento apenas para quem tem condições financeiras. E ainda o velho entrave do Estado que, dentro de suas escolhas de financiamento, não atende como deveria setores básicos como a educação e a própria saúde. Mas e aí, qual a saída? O processo recente de universalização do acesso mostra que a sua manutenção e melhoria foi e é resultado de muito esforço e luta. E os estudantes devem ser figuras importantes na defesa da saúde pública, gratuita e de qualidade.

A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) foi pautada em uma grande mobilização popular visando a necessidade de um sistema de saúde universal, integral e gratuito. Com a constituição de 1988 a saúde passa a ser direito de todos e dever do estado. As diretrizes e os princípios do SUS apontam uma nova concepção do cuidado em saúde.

O conceito “saúde” está ligado ao trabalho, saneamento, lazer, cultura e um tanto mais de direitos. Não é preciso pensar muito para refletir e concluir que, de fato, saúde é luta, portanto é necessário discutir este tema de maneira permanente. Nós, futuras(os) profissionais da saúde devemos nos preocupar não somente com a nossa formação acadêmica (técnica), mas relacioná-la com a realidade social, começando pela ampliação do conceito de saúde, discussão de cuidado com os/as pacientes nas universidades e expandindo mundo a fora.

A concepção ampla e integral de saúde é valiosa pra articulação entre saberes e práticas multiprofissionais e interdisciplinares das profissões, servindo também para a construção de formas de cuidado integrado. Sabemos que isso envolve respeito, escuta, acolhimento, dialogo, e relação ética, e não apenas saberes técnicos do qual trata saúde como mercadoria.

Entretanto, muitas vezes isso não é visto em sala de aula. O estudo da saúde coletiva é passado despercebido pelo estudante. Não somos preparados em trabalhar em equipe de forma multiprofissional. Não conseguimos ter o mínimo de integração entre os cursos da saúde. Durante o curso temos poucas práticas e os conhecimentos adquiridos nas disciplinas se tornam isolados, por isso é necessário mudanças curriculares nos cursos da saúde. 

Temos como proposta o fortalecimento do movimento estudantil da saúde. Que aborde na UFMG temas importantes, discussões sobre temas como o “ato médico”, participação da tradicional recepção de calouros da saúde, e discussão de pautas relacionadas à formação profissional.

Um aspecto positivo e de bastante orgulho pra nós é a nossa estreita relação com o Movimento da Luta Antimanicomial em BH. Esse movimento debate a extinção do tratamento do individuo com sofrimento mental em hospitais psiquiátricos e a substituição do mesmo ao serviço aberto e comunitário em saúde. Queremos fortalecer esse debate dentro da UFMG junto a outros atores do Movimento Estudantil que já o faça rotineiramente.

Com unidade e em luta por saúde para todos, faremos deste eixo parte de nossa base programática.

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