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sábado, 13 de novembro de 2010

Farmácia

A Faculdade de Farmácia da UFMG (FAFAR) proporciona formação para os estudantes de Farmácia, Biomedicina e Nutrição, além de abrigar as pós-graduações em Ciências Farmacêuticas e Ciência de Alimentos. Essa instituição sempre foi referência em formar profissionais da saúde para atuação em diversas áreas. Porém, já há alguns anos que sua comunidade acadêmica enfrenta diversos problemas.

Em 2008, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de Graduação em Farmácia (instituídas em 2002), foi implantado o novo currículo do curso de Farmácia da UFMG. Essas diretrizes constituem uma vitória histórica dos estudantes de Farmácia por meio da ENEFAR, que se aliou a diversas entidades da área farmacêutica para discutir e propor um ensino generalista, humanista, crítico e reflexivo, para atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor científico e intelectual. Segundo as diretrizes, o profissional farmacêutico deve ser:

Capacitado ao exercício de atividades referentes aos fármacos e aos medicamentos, às análises clínicas e toxicológicas e ao controle, produção e análise de alimentos, pautado em princípios éticos e na compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação da realidade em benefício da sociedade.

A efetivação das diretrizes curriculares não é observada na FAFAR. O novo currículo, em vez de generalista, é geralista. Isso quer dizer que se trata apenas de um mero agrupamento de disciplinas. Além disso, a reformulação do novo currículo tem sido pauta freqüente no colegiado de graduação, proporcionando aos estudantes um caminho tortuoso no curso. Com isso, mudanças substanciais não foram observadas em relação ao antigo currículo e os novos estudantes são penalizados por participarem dessa “experiência”. O resultado disso? O curso de Farmácia da UFMG tem a maior evasão entre os cursos da área da saúde. Se você é do currículo novo, provavelmente sabe do que estamos falando.


Em 2009, um dos mais importantes espaços de formação da FAFAR foi fechado. A Farmácia Universitária era o ambiente onde os estudantes tinham o primeiro contato com os pacientes. Lá eram desenvolvidas preciosas atividades, que proporcionavam reflexões e práticas de humanização do cuidado. A dispensação, a ética, a assistência farmacêutica, a manipulação, entre outras, eram experimentadas na prática pelos estudantes. Além disso, mantinha um importante espaço de Atenção Farmacêutica, contribuindo para a formação especializada nessa recente prática. O empenho dos estudantes em salvar a Farmácia Universitária infelizmente não foi acompanhado pelo restante da comunidade acadêmica. Os estudantes apontaram caminhos, que proporcionariam até mesmo incremento considerável na formação em saúde coletiva. Porém, o que percebemos hoje é que nada de concreto foi feito e que os esforços dos estudantes não foram considerado.

A FAFAR aderiu ao Reuni (Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) sem que houvesse debate suficiente sobre a condição de se receber os novos estudantes. Os recursos nem estavam garantidos e a FAFAR aprovou a criação dos cursos de Biomedicina e de Farmácia Noturno. Obviamente, somos favoráveis à expansão de vagas nas universidades públicas. Porém (e também obviamente), esta deve ser feita garantindo a qualidade da formação. As admissões de professores e servidores são aquém das necessidades, a infra-estrutura da faculdade (que sequer estava preparada para o número anterior de estudantes) não foi alterada. Os estudantes do período noturno enfrentam sérias dificuldades, pois poucos serviços (como copiadoras, bibliotecas, cantinas, etc) estão disponíveis em horários satisfatórios. Por isso, damos as boas-vindas aos estudantes do Reuni e convidamo-lhes para lutar pela garantia de boa qualidade de formação.

Muitos outros problemas são enfrentados pela comunidade acadêmica da FAFAR. As obras do Campus 2000, que transferiu a faculdade para o campus Pampulha, sequer foram terminadas. São muitos banheiros fechados, laboratórios inacabados, resíduos químicos armazenados incorretamente, setores administrativos ocupando instalações que originalmente seriam destinadas às atividades acadêmicas. Nem o auditório foi feito. Até mesmo o estacionamento teve restrições aos estudantes. As prestações de serviços, o aluguel das instalações para cursos privados, entre outras práticas, desviam o real foco da FAFAR. Com isso, saem prejudicados o ensino, a pesquisa e a extensão. Uma lógica de mercado prejudicial à formação de profissionais de forma plena e autônoma.

Frente a todas essas e outras dificuldades enfrentadas pelos estudantes da FAFAR, a atual gestão do DCE Outras Palavras se omitiu. Nenhuma aproximação foi feita, nenhum diálogo. Diante disso, nos propomos a atuar junto à comunidade acadêmica da FAFAR em todas as lutas pela garantia da qualidade na formação.

Dessa maneira, propomos:

>> Aproximação, diálogo e atuação junto aos estudantes de graduação e pós-graduação da FAFAR;
>> Retomar, no Conselho Universitário, a luta pela Farmácia Universitária como um instrumento indispensável à formação dos estudantes de farmácia e à resolução de demandas da sociedade;
>> Rediscussão do Reuni e dos impactos negativos que proporcionou à comunidade acadêmica da FAFAR;
>> Lutar pela garantia da qualidade de ensino, pesquisa e extensão. Também pela admissão da quantidade necessária de professores e servidores, bem como pela conclusão e adequação da FAFAR;
>> Reivindicar investimento de 10% do PIB para termos a formação que queremos e merecemos.

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