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domingo, 7 de novembro de 2010

Na UFMG que queremos não tem lugar pro preconceito!

Estudantes contra o machismo, o racismo e a homofobia!
Quando falamos em opressões na Universidade, a impressão mais corrente é a de que esse tipo de preconceito, tão comum na sociedade, não existe por aqui. Quem pensa assim tem lá a sua razão. É que seguramente, se comparada a outros círculos sociais com os quais convivemos, a Universidade é realmente um ambiente de mais liberdade, que possibilita mais descobertas e livres manifestações. Mas um olhar mais atento é capaz de perceber o machismo, o racismo e a homofobia onde menos se espera.
Vamos pelo básico. Já repararam na divisão sexual que existe entre os cursos? Tem aqueles que são femininos e aqueles que são masculinos. As mulheres estudam para serem professoras, enfermeiras, pedagogas, psicólogas. Já os homens, estão ligados à produção, aos cálculos, às máquinas. Nessa divisão, a princípio normal, está contida a lógica que ainda permeia toda nossa formação individual e que se manifesta também na universidade. A lógica que considera que existem características essencialmente femininas e masculinas. Assim, as profissões com menor remuneração são das mulheres e as que pagam melhor são dos homens.
Indo mais a fundo, nos deparamos com a situação em que se encontram às mulheres estudantes. Aquelas que são mães não encontram apoio na Universidade para concluírem seus estudos. As vagas na creche são irrisórias e a moradia não aceita estudantes grávidas ou com filhos. O resultado disso é evasão e atraso na formação acadêmica. Em suma, a política de assistência estudantil que temos hoje na UFMG não contempla a realidade das mulheres. E, ao aplicar essas políticas que excluem as mulheres que são mães dos estudos, a UFMG está ajudando a perpetuar o desemprego, os salários baixos, a formação menos qualificada, a violência e a subserviência, situações vividas principalmente pelas as mulheres trabalhadoras.
Quando falamos da situação das negras e negros, voltamos nosso olhar para a divisão que existe nos cursos. Não é novidade para ninguém que o racismo da sociedade impede que negros e brancos com a mesma condição social tenham condições iguais de acesso à educação de qualidade. A conseqüência é que o número de negros em uma determinada universidade é bem desproporcional à quantidade de negros naquela região. E, quando se consegue uma vaga, as chances de que elas sejam em algum dos cursos mais concorridos é bem pequena. Já repararam em quantos negros existem no curso de Medicina?
Até agora estamos abordando as manifestações de opressão não tão escancaradas. Mas, quando falamos de homofobia, o preconceito pode não ser tão sutil assim. Todo mundo já deve ter ouvido falar dos trotes que rolam por aí em algumas unidades da UFMG. Sempre que o semestre começa, o que se vê é um festival de aberrações, que vão desde piadinhas até ações de violência explícita. Infelizmente, a Reitoria, apesar de promover uma campanha contra o trote, não pune aqueles estudantes que desrespeitam seus colegas pela orientação sexual que tem. Achamos que isso é conivência, mas não pode continuar assim.
Podemos ainda falar das piadinhas cotidianas, da debilidade dos professores e funcionários para lidarem com a diversidade ou da repressão, por parte da Segurança Universitária, às manifestações de afeto que ocorrem no Campus. Porém, convém dedicar nosso espaço para questionar a política de assistência estudantil que, na nossa opinião, também não são contempla os gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transgêneros da UFMG. Não se leva em consideração, por exemplo, que um homossexual que foi expulso de casa e não tem o apoio da família, precisa de um incentivo que garanta a sua permanência na Universidade.
É por isso que nossa chapa se compromete a lutar cotidianamente contra qualquer tipo de opressão. Achamos que o Movimento Estudantil não pode fechar os olhos a essas questões e que um DCE coerente com a transformação social deve dedicar parte de seus esforços a essa área.
Por tudo isso, propomos:
  • Combate cotidiano a todas as formas de opressão contra a mulher, o negro e o homossexual!
  • Criação da Secretaria de Combate às Opressões do DCE;
  • Realização de um seminário para discutir o tema, no primeiro semestre de 2011.
  • Garantia de creches gratuitas, bolsas e moradia para estudantes com filhos;
  • Combate ao trote homofóbico;
  • Fortalecimento e parceria com grupos específicos de combate às opressões, como o GUDDS, Nepem, Nuh, Conexões de Saberes, NPP e demais grupos estudantis e acadêmicos que pautem esse tema.
  • Revitalização do MAD (Movimento Afirmando Direitos) para realizar a discussão de cotas raciais e outras políticas de inclusão de negros e negras na UFMG.
  • Apoio à implementação de Cotas Raciais na universidade, como política afirmativa para incluir negros e negras de classe pobre nas universidades.
  • Uma Pró-Reitoria de Assistência Estudantil com políticas especiais para os grupos oprimidos na universidade!
  • Participação nas atividades do calendário de luta dos grupos combativos do movimento negro, de mulheres e LGBTT.
  • Lutar ao lado da classe trabalhadora para combater as opressões, participando do Quilombo Raça e Classe, do Movimento Mulheres em Luta e do GT LGBT da Conlutas.
  • Realizar debates, oficinas e outras atividades de formação que avancem no esclarecimento e na luta contra as opressões.
  • Defender o direito de trans usarem o nome social nos documentos da universidade.
  • Combate à repressão da manifestação de afeto homossexual no campus.
  • Uma política de formação dos atuais funcionários da Universidade em relação às questões de racismo, machismo e homofobia. Inclusão dessas matérias nos concursos públicos.
  • Inclusão de matérias sobre homossexualidade em todos os cursos, principalmente no da saúde e educação, para enfrentar o despreparo dos atuais profissionais dessa área.
  • Participação no movimento em defesa da legalização do aborto, da união civil homossexual , da criminalização da homofobia e da adoção para casais do mesmo sexo.

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